Saturday, June 23, 2007

Viver numa música

Não sei se alguém já teve vontade de viver dentro de uma música. Dá pra entender isso? Por exemplo, vcs já ouviram Just in Time, com a Nina Simone. Toca naquele filme lindinho, Antes do Anoitecer (ou Depois do Pôr do Sol ou qualque coisa que o valha). Enfim, dá uma vontade louca de morar dentro dessa música. Se ela fosse um lugar, seria coberto de veludo verde-musgo, ou vermelho-cereja. Teria uns divãs, também de veludo, muuuuito confortáveis. Estaria frio lá fora, mas dentro teria uma lareira. Eu estaria esperando o grande amor da minha vida, um pouco triste pela demora, mas certa de que o amor é retribuído. Talvez ele estivesse fora, viajando. Ou talvez estivéssemos fazendo as pazes. Eu teria plena segurança das minhas qualidades, e orgulho dos meus defeitos. Porque afinal, esse lugar que é a música, é também um lugar "emocional". Esse lugar seria um santuário, onde só entram as pessoas amadas. Nada de criaturas ciumentas, invejosas, falsa. Eca! Seria a casa escolhida com o grande amor. Se Just in Time fosse um lugar, seria ali meu paraíso.

Sunday, June 10, 2007

Los Hermanos pela última vez

Pois é... Três noites aguentando aquele bando de gente que se acha muito, só porque gosta de Los. Mas foi por uma boa causa, vê-Los pela última vez... Pulei e gritei tenebrosamente. Todas as músicas, até Primavera (tocaram todos os dias) e Pierrot (Eca! E ainda tocaram duas vezes). Faltou "Do Lado de Dentro", faltou "Horizonte Distante", faltou "É de lágrima". Mas não faltou todo o lirismo, todo o amor e desilusão desdesperados dos nossos barbudos queridos. Não faltou simpatia tb. O Camelo nunca falou tanto em show como nesses últimos três. Mas não sou crítica de música (ahan!). Não quero escrever sobre isso.
Quero falar do que não me abandonou nesses três dias (além da gripe). Da sensação de que, talvez, com o fim do Los, termine também uma fase na minha vida. Talvez esteja acabando um lado meu, de boemia, de busca pelo inatingível, de ver beleza em quase toda mínima coisa. Talvez seja o fim das tardes em que eu ia, com meu irmãozinho, à Sta. Teresa, encher a cara e falar dos últimos assuntos polêmicos. Talvez eu não vá mais para qualquer boteco do centro, conversar com meus amiguinhos. Talvez as festinhas aqui em casa fiquem cada vez menos frequentes. Talvez eu não escreva mais minhas poesias secretas. Talvez eu dê um tempo no sonho constante de alguma coisa maior e melhor. Talvez, daqui para a frente, a vida seja só isso mesmo, um amontoado de dias de muito trabalho, trabalho demais, escutar uma música nova aqui e ali, ver um filmezinho legal, descobrir algum novo viés na pesquisa, rir de situações corriqueiras, discutir com alguém, corrigir provas, me irritar com o trânsito, chegar atrasada em algum lugar, chegar cedo demais em algum lugar... E lembrar, nas muitas noites de insônia que ainda virão, que um dia foi diferente. Que um dia as noites de insônia serviam pra sonhar, pra desejar algo maior e melhor. Lembrar que um dia Camelo, Amarante, Barba e Medina estavam juntos e faziam músicas que embalavam esses sonhos. "Sem saber que o fim já vai chegar..."