Saturday, September 27, 2008

Não há o bem sem o mal

Nesta vida real, não há o bem sem o mal, como canta Roberta, a Sá.
Confuso é quando o bem e o mal estão na mesma raiz. Ou, ainda, quando algo que sempre foi bom, passa para o outro lado da Força.
Ou... quando você se dá conta de que sempre foi tudo aquilo, bom e ruim. Você só não estava prestando atenção.
Estou tão cansada de batalhar, de ter que cavar meu espaço com marreta. É como se a cada dia, a contagem de todos os meus méritos fosse zerada. Todas as horas, todas os esforços, insignificantes e hercúleos, não são enviados para um grande arquivo da vida, que todos podem acessar. Só eu conheço esse arquivo maldito, e mais ninguém tem interesse em ir até ele, desinteressante e empoeirado que é.
Estou aprendendo a ser melhor pra mim, dá pior maneira.

Wednesday, May 07, 2008

Palavras ao vento

Antes as palavras ditas realmente se dispersassem com o vento.
Mas não.
Elas ficam na atmosfera. Ficam pairando sobre as nossas cabeças e sobre as daqueles que as ouviram. Tal como em uma sala de poquer, onde todos bebem e fumam, esperando pela próxima carta virada. Aquela névoa intoxicante e mal cheirosa permanece em nós, entranha-se nas roupas, no cabelo.
As palavras ditas não podem ser retiradas. Ela já estão ali, incorporadas à realidade. Indiferentes ao fato de que nós somos desavisados, somos descuidados com o que dizemos. Um verdadeiro inferno que ronda, e faz parte do que não deveráimos fazer nunca mais.
Para o que serviram minhas resoluções de ano novo? O silêncio vale muito mais do que ouro, vale paz de consciência.
Se quero me expurgar dos erros não posso, simplesmente, dizer: "Me desculpe, esqueça o que eu disse." A súplica pelo esquecimento marca qual ferro em brasa na memória as palavras que escapolem da boca sem meditação.
O mais difícil, no entanto, é que não consigo me perdoar. No momento mesmo em que proferia vereditos e juízos, percebia que estava tudo errado. Aquelas palavras não eram para aquele ouvido. Aquelas palavras estão infinitamente aquém do seu objeto.
Sequer o alívio do perdão terei, portanto. E que isso valha mais do que as patéticas resoluções.

Monday, May 05, 2008

Mais um "rity pareide"

Nada mais agradável, delicioso e melodramático do que fazer uma listinha das músicas do momento! Tá certo, musiquinhas antiguinhas, já que faz um bom tempo que não posso me dar ao luxo de ficar horas e horas escolhendo aquelas de dor de corno na pasta "minhas músicas". Mas as mesmas idéias habitam minha mente, e auqles "old feelings" estão lá, reavivados. Vamops ao top ten do momento, e a seus versos mais significativos:

Sofreguidão - "A sofreguidão por que passei fez-me reconhecer que teu amor foi grande amor, não vacilo em dizer"

Samba de amor e ódio - "Não há abrigo contra o mal, nem sequer a nuvem idílica na qual a mulher e o homem vivam afinal, qual se quer, tão só de amor numa canto qualquer"

Entretanto - "Você é o remédio que me tira do tédio quando me faz amar/ Não vá agora, lembra do nosso abraço, beijo, sexo, demais! Lembra do nosso ninho, nosso cantinho. E tanto desejo não posso disperdiçar!"

Just in time - "Just in time, you found me justi in time, before you came my time was running low"

Boa Sorte - "Não tenho o que dizer, são só palavras, e o que eu sinto não mudará/ Tudo o que quer me dar é demais, é pesado, não há paz"

Just like heaven - "Show me how you do it And I promise you I promise that I'll run away with you"

Still the one - "You're still the one that I love The only one I dream of "

Lembrança de um beijo - "O cabra pode ser valente e chorar, ter meio mundo de dinheiro e chorar, forte que nem sertanejo e chorar, só com a lembrança de um beijor, chorar"

Somewhere only we know - "I´m getting old and I need something to rely on/ Im´getting tired and I need somewhere to beaging"

Viajante - "E se guardo tanto Essas emoções Nessa caldeira fria É que arde o medo Onde o amor ardia "

Ufa!

2008?

Putz, primeira postagem de 2008!
Porque demorei tanto pra escrever? Não há mais nada sobre o que eu queira falar?
O que há de realmente meritório de entulhar ainda mais a internet? Minhas tergiversações sobre as pessoas, os relacionamentos, o avançar da hora, da idade?
Não há mais certezas, não há qualquer segurança em nada além da minha existência.
Minha existência extenuada, cansada, acabada, e morta de alegria e esperança por pequeníssimas coisas. Mas igualmente morta de medo e arrependimento por ser como eu sempre fui. Por mais que alguns defeitos tentem ser erradicados, colocados em campos de concentração na minha alma, eles acabam vindo e me apunhalando pelas costas.
Hoje sei que o destino incontornável de todos a quem amamos é nos decepcionar. As decepções pordem ser perdoáveis, e podem não ser. Podem nos fazer chorar, e podem nos dar mais certeza de nossos princípios.
De uma maneira estranha, as decepções podem nos fazer ver o quanto somos, nós mesmos, pessoas boas, legais, corretas, honestas, cheias de princípios. E o resto é escória, é erro, é trevas. Até quem está ali do teu lado agora, sempre esteve, e - felizmente ou infelizmente - sempre estará, pode te fuder por completo.
Mas quando uma punhalada destas te traz carinho, solidariedade, compreensão, de onde menos se espera... Aaaah, então pode ter valido a pena!
Portanto, em 2008, 0 ano que passarei com 30 primaveras, tudo permanece mais ou menos como sempre foi: continuo fazendo merda, continuo amando incondicionalmente, continuo trabalhando que nem camela. Mas aceitei. Aceitei esse destino de mil responsabilidades. Estou em paz com as escolhas certas e erradas. Porque uma coisa não mudou e, espero, não mude jamais: essa capacidade aparentemente infinita de amar a criação divina como ela chega até mim. Defeituosa, irônica, pervertida. Generosa, surpreendente, envolvente.

Friday, December 21, 2007

Lá se vai 2007

Lá se vai um ano que começou com briga, e termina com tristeza. Começou com trabalho e termina com trabalho. Começou com esperança e termina sem muita paciência. Vi bons e péssimos filmes. Não ouvi tanta música quanto gostaria. Livros? Um ou dois o que não foram sobre História. Acho que perdi mais amigos do que fiz. Mas os de verdade, ficaram. Emagreci, e engordei tudo de novo. Perdoei, e me decepcionei. Trabalhei infinotamente, mas não tenho a sensação de trabalho cumprido.

Ah, sim! E fiz 30 anos. TRINTA ANOS! Agora, dizem as màs línguas, terei que agir como adulta. Sinto-me mais, muito mais, como uma velhinha senil, que fala palavrão e reclama que faz muito frio, ou muito calor. Ou que sonha acordada com um tempo em que tudo era melhor. Em que havia balas feitas pela mãe, no dia do aniversário, enroladas em papel celofane vermelho e azul. Uma velhinha que acha que os amigos nunca traem e que as pessoas trabalhadoras merecem férias. Ela acha também que casou, há 80 anos, com o amor da vida dela, e que ele ainda está vivo, quase chegando do trabalho.

Pois é, tenho 30 anos e duas semanas. E sou uma velhinha coroca. Aparentemente pulei a maturidade e fui direto para a esclerose.

Friday, August 24, 2007

Minha estrada é o fio da navalha.

Monday, July 16, 2007

Vou viajar

É tão estranho quando você sabe que vai sentir saudades de alguém. Eu fico imaginando o que vai me fazer lembrar. Em que momentos a falta dele vai se fazer mais presente. Vou viajar, teoricamente a trabalho. O objetivo final, no entanto, é mesmo relaxar, me divertir. Mas sem ele não tem muita graça. Sinto-me quase culpada. E com aquela tristezinha aguda que sempre precede as viagens. E, pra piorar, está frio aqui, e ainda mais frio lá.
Sentirei muita saudade, meu querido. E certamente pensarei em você a cada momento feliz (que, espero, sejam todos). Momentos, que acredito, torna-se-ão tristes pela sua ausência.

Thursday, July 12, 2007

Cansei de escrever
Cansei de fumar
Cansei de beber
Cansei de esperar
Pensar é tão penoso
Lutar, pra que e por quem?
Seduzir, velha e acabada demais
Deixa que o novo dia nasça
E que venham os engarrafamentos e as dúvidas
Deixa que os outros pensem de você o que bem entenderem
Guarda esse teu dia de hoje
Como se o último fosse
E vai dormir
Porque no sono
Só existe redenção

Já pedi a Deus paciência

Deus deu resignação ao meu pobre coração.
Ou tentou, pelo menos.
A coisa tá danada, meus irmãos. Não tem sido fácil viver nessa angustia cotidiana pelo alvorecer. Sem saber o que me espera depois da esquina. Os louros foram colhidos, muito mais do que eu merecia, é bem verdade. Mas a recompensa final não chega jamais. E parece cada vez mais distante. A solidão e a total paz de espírito a gente deixa pra hora da morte. Já a incompreensão, o enfrentamento, a falta de respeito, a incerteza, o inferno, são aqui mesmo.Venham e vejam, o circo chegou. Arromabaram as portas do hospício. Incendiaram o altar. De certo, só mesmo a morte.