Monday, September 11, 2006

MARCOLINO E TERESA

Ontem encontrei Marcolino. Estava triste e triste, o coitado. Dizia-me, com uma expressão desolada, o quanto lhe fazia falta Teresa. Escutei, com um grande peso no coração, todas suas lamúrias. Ele não acreditava mais na veracidade das palavras de Teresa, que a princípio lhe pareceram tão sinceras. Disse que havia se apaixonado por suas palavras, pela possibilidade de enfim ter encontrado uma alma gêmea. Pobre diabo, estava inconsolável. Tentei defender Teresa, para anuviar sua dor. Talvez ela seja uma daquelas pessoas que fogem aos primeiros raios de afeto. Ou, talvez, disse eu com um soriso de esperança, ela seja caçadora. Uma daquelas raras mulheres que preferem caçar a ser caçadas. E Marcolino bebia minhas palavras sedento. Em seus olhos brilharam uma ponta de felicidade. "Pois é, talvez", me disse. Mas logo voltou a seu torpor, pois ele queria caçar. Ele queria estar com teresa. Senti uma pontinha de inveja de uma paixão assim tão avassaladora.
Lembrei-me, no entanto, das palavras de Adamastora, a sábia (ou quase) analista da psique humana. Dizia ela que marcolino buscava a alegria fora de si, quando deveria buscá-la em si mesmo. Típica frase de agenda de adolescentes... Mas vá lá. Então lembrei a Marcolino o trecho de uma canção que, eu sabia, também lhe era cara: "Índios", e declamei:
"Eu quis o perigo e até sangrei sozinho
Entenda
Assim pude trazer você de volta pra mim
Quando descobri
Que é sempre só você
Que me entende do início ao fim
E é só você quem tem a cura pro meu vìcio
De insistir nessa saudade que eu sinto
De tudo que eu ainda não vi"
Aaaah, os olhos de Marcolino marejaram. Eu, rapidamente, apresentei-lhe minha interpretação. "Esse 'você', caro amigo, não é outro, mas nós mesmos". Senti uma expressão de reconhecimento em seu rosto. E ele lembrou, como bom fã de renato Russo: "Exato! Ele fez isso em Maurício". Canção essa que eu, sinceramente, desconheço. Parece que Marcolino partiu com um pouco mais de esperança no coração. Foi embora um pouco mais fortalecido. Para que, afinal servem as paixões, senão para nos enlouquecer por instantes, e depois nos tornar mais fortes?

2 comments:

Pritchan said...

cada vez melhor! Cada vez mais foda! Você é foda mesmo ne? Como é ser foda assim? Fico curiosa...

Pritchan said...

BORA!! Vai bombar! E o Pauli pode fazer as coreografias! De nosso rock gótico com influências hermaníacas! HAHAHAHAHAHAHAHAHA